As primeiras civilizações iniciaram quando determinados
grupos humanos deixaram de se deslocar em busca de alimento (caça, pesca,
coleta de vegetais) e passaram a produzir sua própria alimentação por meio da agricultura e da pecuária. O processo de controle
dos alimentos necessários à sobrevivência gerou a sedentarização de alguns grupos; outros permaneceram nômades. A
sedentarização, por sua vez, permitiu o surgimento das primeiras civilizações e de uma nova forma de organização social. Assim, através da agricultura, o homem, pela primeira
vez, podia controlar o seu alimento, não dependendo mais da caça e da coleta.
Instrumentos produzidos pelo homem que possibilitaram a prática da agricultura |
As plantações de trigo e cevada, os rebanhos de
cabras e carneiros, e outras "novidades" levaram ao surgimento das primeiras aldeias e cidades e à
necessidade de controle das águas dos rios, a fim de se manterem a agricultura
e a pecuária. Além disso, o homem descobriu que os animais não serviam somente
como alimento, mas forneciam outros recursos como lã, leite e adubo.
A organização em forma de clã, tribo – em que todos
os membros possuem o mesmo sangue e o mesmo papel social, deu lugar às cidades
e à estratificação social, na qual cada indivíduo possui um papel social
diferente, em atividades distintas. Uma especialização do trabalho. A ciência ainda não conseguiu responder em que
local surgiu o homem, mas as primeiras civilizações surgiram, pelo menos para
os historiadores, na região do crescente
fértil, local denominado pelos europeus de Oriente Próximo (local da conjunção
entre África e Ásia).
A Região do Crescente Fértil: início do processo civilizatório da humanidade |
Da tribo para a cidade: por que o ser humano resolveu viver em sociedade? O pensamento hegemônico dentro da historiografia
acredita que as primeiras cidades surgiram por volta de três mil anos antes de
Cristo devido à necessidade de se construírem grande obras hidráulicas, como
canais de irrigação e reservatórios de água, para a conservação da água, sua permanente
utilização e a viabilização da agricultura em regiões desérticas que não possuíam
água durante o ano inteiro. Portanto, não havendo água em todos os períodos do
ano para a agricultura, era preciso aproveitar o período de cheia dos rios e
garantir o abastecimento para os períodos de seca. Os canais de irrigação
serviam para levar a água a pontos mais distantes dos rios. Essas grandes obras
hidráulicas, como reservatórios e canais, devido ao seu tamanho e complexidade,
não podiam ser construídas por clãs ou tribos de cem ou duzentas pessoas.
Outro fator que teria gerado o
nascimento das cidades seria a necessidade de se construírem muralhas de
proteção para a defesa dos grupos de uma determinada localidade. No mundo
antigo, quando ouvimos falar em “cidade” devemos pensar em “muralha”; o que
está atrás da muralha é a cidade. Temos uma cidade quando um determinado povo
consegue erguer uma muralha. Não há cidade sem um muro de proteção. As cidades,
por sua vez, dariam origem aos primeiros estados.
Agricultura: o homem altera a natureza, produz seu alimento, torna-se sedentário e constroi as primeiras civilizações |
Elementos que caracterizam o
surgimento das primeiras civilizações:
- Aumento da produção agrícola:
surgimento do comércio devido ao excedente de produção.
- Especialização do trabalho: o
crescimento da produção agrícola permite que algumas pessoas deixem de
trabalhar na agricultura para se dedicarem a outras atividades. Surgem
trabalhadores especializados, como tecelões, ceramistas, escultores,
carpinteiros e comerciantes.
- Diferenciação social: surgimento das
classes sociais
- Diversificação das atividades
econômicas
A invenção da escrita foi fundamental para o controle do alimento e para a organização social das novas civilizações |
- Complexidade da religião: a formação
de um corpo de sacerdotes profissionais com participação no poder político; religião
com inúmeros deuses; os sacerdotes forneciam explicações sobre a vida e a
natureza.
- Estabelecimento de regras de
convivência social, os códigos de lei, orais ou escritos.
- Grandes obras arquitetônicas:
templos, reservatórios, depósitos de alimento.
- A profissionalização dos
governantes: surgiram especialistas no planejamento e administração das grandes
obras públicas, indivíduos que hoje chamaríamos de governantes.
- Organização de exércitos contra a
invasão de outros povos.
-
Surgimento da escrita devido à necessidade de controlar a produção agrícola, do
comércio e a cobrança de impostos.
- Surgimento de instituições e de um
sistema de governo: a historiogafia acredita que foi devido à complexidade de
obras, como reservatórios e canais de irrigação, e a necessidade de controlar
um grande número de pessoas durante a construção é que acabou surgindo um
sistema de governo.
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