quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

SEGUNDO REINADO



     Se você gosta de carnaval, certamente já ouviu falar das escolas de samba Imperatriz Leopoldinense e Império Serrano, sabe que nelas existem as rainhas da bateria e que elas participam da festa de momo, aliás, rei momo. Se você gosta de futebol já ouviu falar no rei Pelé e que Romário foi eleito o rei do Rio. Se gosta de música certamente conhece o rei Roberto Carlos. Há, tem também a Xuxa, chamada de “rainha dos baixinhos”. Se você acompanha um pouco os concursos de beleza sabe que aqui no Brasil denominamos as vencedoras de “rainha”, “primeira princesa” e “segunda princesa”. Qual a explicação para esses nomes, apelidos e denominações ligadas à monarquia? Simples, o Brasil foi um país monarquista durante a maior parte da sua história, esse é o nosso sistema original, que perdurou do descobrimento até a proclamação da República, em 1889. Em termos de história, as características políticas e econômicas mudam muito mais rápido do que as características culturais, que são de duração bem mais longa. 
       Porém, dentro desse imenso período monárquico o mais importante é o chamado Segundo Reinado, marcado pela estabilidade política e pela figura do imperador D. Pedro II, pelo crescimento econômico do Brasil, pela transformação do café no nosso grande produto para exportação e pelo processo que resultou no fim da escravidão e início da vinda de imigrantes europeus para o nosso país. 
   D. Pedro II  da  forma  que  gostava  de  ser  representado e fotografado:  usando  terno  e  lendo  um  livro. O imperador reforçava assim a sua imagem de rei "moderno" e de intelectual


        
        Segundo Reinado corresponde aos quarenta e nove anos de D. Pedro II como imperador do Brasil, um dos períodos mais marcantes e importantes da nossa história. Nesse período, o Brasil se tornou um país rico, graças a produção de Café, e estável politicamente, graças ao “parlamentarismo às avessas” e a “política de conciliação”. Essa época também é marcada pela imigração europeia, pelo processo abolicionista, que acabaria com a escravidão em 1888, e pela introdução do Brasil no sistema capitalista. Também ocorreu a Guerra do Paraguai, o maior conflito bélico da história da América do Sul. E, principalmente, destaca-se D. Pedro II, o único dos nossos reis que realmente era brasileiro. D. Pedro II foi o governante que mais tempo administrou um país na história da América. O Segundo Reinado também representa o ápice da monarquia, ou seja, o momento máximo desse sistema no país. 
     

Repare o brasão do Império no tambor do "menino-imperador"

        Brasil tinha toda a sua política baseada na figura do Imperador, a Constituição de 1824, a primeira da nossa história, havia sido feita por D. Pedro I de forma arbitrária. Essa constituição centralizava todo o poder do país na mão do rei. Em 1831, D. Pedro I renuncia ao trono brasileiro, voltando para Portugal, como sucessor deixa o filho, de apenas cinco anos de idade. Está lançada a primeira grande crise da nossa história, o Brasil era uma monarquia sem monarca, o velho ditado da monarquia “rei morto, rei posto” não era cumprido e o Brasil entrava em um dilema: como um sistema político centralizado no rei pode funcionar sem um rei? O resultado é que o Brasil passou a correr o risco de se desintegrar, pois muitas províncias se recusavam a pagar impostos e obedecer ordens de um rei que não existia de fato. Movimentos separatistas ocorreram no Maranhão, no Pará, na Bahia, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina. O país correu um risco real de perder territórios. A solução foi antecipar a maioridade de D. Pedro II, que assume o império aos quartoze anos. Apesar da pouca idade e da ilegalidade do ato, a solução deu certo, só a existência de um imperador já ajudou a acalmar as revoltas e fornecer uma ideia de ordem social novamente ao país. Os quarenta e nove anos seguintes serão de estabilidade política e de ausência de revoltas separatistas. E o Brasil seguiu com o território que possui até hoje.



O imperador  utilizou apenas quatro vezes a vestimenta real em seus 49 anos de reinado, pois preferia o uso do terno como "um cidadão comum".



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